sexta-feira, 25 de julho de 2008

À teimosia acadêmica

Nelson Rodrigues dizia que "o brasileiro tem complexo de vira-lata". É uma das muitas frases antigas que perduram em fieis descrições de situações atuais; uma triste realidade. Paralelamente, o país atual é vangloriado por cultivar "craques" em campos além dos esportivos e artísticos.

O genial Henrique Meirelles comprova o fato, pois é o único estrangeiro na história a ter atingido presidência mundial do Bank Boston (ou de qualquer grande banco americano), sem ter nacionalidade estadunidense. A República Federativa do Brasil é pioneira em importantes frentes tecnológicas como exploração de petróleo submarino, desenvolvimento do etanol combustível, internet bancária, e outros marcos nos quais somos referência internacional. Em contrapartida, nossa gloriosa nação não ostenta qualquer prêmio Nobel*. Os argentinos têm cinco, os chilenos têm dois, e o vasto solo brasileiro não foi capaz de angariar sequer um desses icônicos prêmios suecos.

Algumas das salas de aula das principais universidades brasileiras são regidas sob forte inclinação à jurássica ideologia socialista, uma lista de teorias reverenciadas por um dos mais importantes círculos acadêmicos nacionais. É irônico que seja justamente esta, umas das poucas entre incontáveis âncoras no avanço intelectual, que podem ser prontamente anuladas do país. O erro está em desconsiderar a impraticabilidade, que resulta em tirania esdrúxula e enfraquecimento generalizado das populações, eventualmente representantes de uma subespécie eternamente explorada. Os caminhos marxistas são atalhos preguiçosos e imediatistas, que renegam muitas pré-disposições naturais do ser humano, que podem ser sádicas ou egoístas, mas potencializam os feitos científicos, estruturais e tecnológicos, garantidos por meio da competição como motivação evidentemente imbatível.

O humanismo que fundamenta a esquerda é o início de um montante enganoso da luta socialista, mas não pode ser ignorado. Filosofia moralmente correta é a do desvencilho total de valores financeiros privados, enquanto não estiver garantida uma rotina alimentar digna a cada indivíduo vivo na terra. Explicações profundas do ambiente comercial revelam os ridículos no consumismo, que indiscutivelmente aprisiona cidadãos em paredes cafonas. Aqueles que não enxergam tais fatos relativamente óbvios, são a razão pela qual a humanidade permanece em grau selvagem. No entanto, o problema real está nos praticantes de corrupção de bens estatais, que ao garantirem suas piscinas de caviar, cometem o que devia ser crime hediondo perverso, equiparado aos assassinatos em série. Aí é também um problema que se fez visível no socialismo, diminuindo ou aumentando-se apenas algumas proporções. É uma tragédia definitivamente incontrolável, e transforma o drama mercantil em brincadeira infantil. Teorias conspiratórias não são nada comparadas às comprovadas atividades corruptas que estendem séculos em todo e qualquer sistema governamental.

Ao dizer que, "a democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as outras", Winston Churchill não estava simplesmente fazendo humor a favor de uma ideologia, e sim exercitando uma consideração responsável sobre organização civil. O neoliberalismo, termo cunhado por Fernando Henrique Cardoso, tem a capacidade de alcançar a obrigação do governo em proporcionar opções de meios de vida digna à população.

A teimosa tentativa de convencer estudantes a apoiarem idéias largamente superadas do 'socialismo puro', que acusa o capitalismo praticado e suas pretensões diabólicas, forma um composto de falácias que incluem o fato da irreal possibilidade de qualquer frente existir em dita pureza. O neoliberalismo se constrói na a união prática dos pilares políticos, adaptados à irreversível máquina democrática que está fadada ao fracasso, enquanto não houver uma renovação dedicada da grade intelectual, planejada à visão objetiva.

É vital educar a respeito da abrangente gama de correntes ideológicas, mas que seja apresentada ao lado de considerações práticas, diretas, e principalmente imparciais no que se refere ao mundo real, e não um aglomerado de meias-verdades que além de enganar, estancam muito do que pode ser oferecido pela nova geração. A atual abordagem de tais questões chega a ser extremamente cômica, principalmente pela irrelevância subentendida, que retrata uma timidez medrosa na propagação do derrotado comunismo.

Aos que endossam e aderem aos remanescentes desta nostalgia imaginária, resta a esperança de se tornarem uma referência útil à construção de um novo ideal. Serão nada além de uma equipe de 'segunda divisão' que, como embasamento, oferece também um alerta que remete à falida legião de ditadores, em palácios cercados por populações inteiramente desarmadas de livre-arbítrio, enfraquecidas física e psicologicamente, como um gado desnutrido conduzido por um peão obeso e sem rumo, em meio à escassez de bens e motivação geral.

Os indicadores dão claros sinais de possibilidades de sucesso, e nada como uma postura acadêmica renovada, que dê continuidade ao esforço coletivo que acredita que o Brasil deixe de ser o país do futuro, e se torne o país do presente. É importante lembrar que fazer limonada dos limões oferecidos pela vida não devia ser tarefa tão complicada.

*Peter Medawar, Prêmio Nobel de Medicina, é nascido no Rio de Janeiro porém de criação e formação acadêmcia britânica, e de mãe inglesa e pai libanês. (Na lista de prêmios Nobel por país, o Brasil está com asterisco.)

Um comentário:

Unknown disse...

foi esse que ia ser publicado na revista?