sexta-feira, 25 de julho de 2008

Música, modismo e pressão social.

Existe uma idéia que cada vez mais convence-me ser ridiculamente ignorada pelos formadores de opinião. A já antiga e quase onipresente máxima, na verdade uma máscara, do: "odeeeio axé, pagode e sertanejo" é uma convenção ideológica poderosa e claramente inviolável. Um verdadeiro tabu que nem precisa ser testado pra demonstrar sua blindagem. Portanto é uma crença que, para ser questionada, (isso digo, quando arriscamos falar nisso com quem odeeeia tais estilos; ódio deve ser emitido somente às reais crueldades, e não a gostos musicais.) exige alto nível retórico além de soberania no assunto musical. O que sempre digo é que prefiro o estilo orgânico do sertanejo à faceta sintética da música eletrônica. Isto como exemplo de perspectiva, e opinião embasada em quesitos práticos dos estilos referidos.
Todo estilo de música tem obras de alta qualidade. Quando falam em pagode, pensam no pop do Molejo e similares, e não dos pioneiros Fundo de Quintal e Beth Carvalho. Sertanejo também é conhecido por sua versão massificada, como Leonardo e Xororó. Renato Teixeira é um grande compositor, que se diz autor de música caipira e não sertaneja. A distinção entre estes estilos é outro assunto. Já no axé, encontramos a popularização de rítmos fantásticos oriundos do samba, e o nível de produção na música Abalou, de Ivete Sangalo, é fenomenal. As linhas de baixo de algumas músicas dela são de alto nível técnico. Até a música eletrônica tem seus bons exemplos, e minha restrição é contra o baterista, sr. computador.
Isto serve de apoio a minhas crenças quanto a essa opinião da maioria paulistana. Esta legião agraciada monetariamente, que acredita ainda carregar qualidades vanguardistas e livres de preconceitos, ou pior, pensam que são 'bacanas'... ou pior ainda, pensam que é bacana ser bacana, mesmo se fossem. Acho que não são, e repito, quem sou eu? Não pergunto com ironia, e adiante, trombo-me noutras teias conceituais. O que é ser bacana? Existe isso? De onde viemos? Pra onde vamos?
No fim das contas, o que talvez comprove melhor tais questões, é um experimento do tipo, "imagine que você nunca tivesse ouvido música, e em seguida escute um exemplo da melhor qualidade, de cada estilo musical". Claro que esta suposição é nula, pois estava certa a gramáticaprimordial da língua ocidental que não usava o modo condicional. Ainda assim, é interessante como esse ódio de alguns estilos virou uma revelação do medo de estar fora da moda. Só a música é capaz de semear emoções tão fortes, que ainda permite talvez um dos últimos preconceitos tranquilamente declaráveis. São realidades hilárias que passam despercebido mesmo a quem não seja prisioneiro destes bloqueios ideológicos. Acredito que seja um ponto de partida para assuntos mais importantes.

Zé noise,

Aurelio

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