sexta-feira, 25 de julho de 2008

Música erudita?

Obras musicais eruditas são definidas em critérios e perspectivas diferentes. Uns afirmam ser 'erudito', o termo correto para música clássica, pois Bach, Brahms, Chopin, Rossini, Schubert e Debussy são alguns dos gênios não-pertencentes ao período clássico. Já literalmente, erudito também define o jazz, pois Duke Ellington e Count Basie são mais próximos dos compositores 'clássicos' do que da música popular de Madonna. Ou será que são?
Quando analisa-se um solo de John Coltrane ou Charlie Parker, é exigido um nível de descontrução técnica máximo, e suas nuâncias são quase impossíveis de alinhar por completo. Muitos fragmentos destas obras do Bebop são discutíveis e relativos, e o indivíduo capaz de registrar toda informação contida nestes exemplos, a partir de uma única audição, pertence ao savantismo inexplicável.
A realidade é que música adota títulos estilísticos como referências úteis a questões sociais e culturais, mas não é possível que se estabeleça uma organização fiel às intricâncias de cada obra. O melhor que pode ser feito é manter como principal, os autores e itérpretes que participam da peça, afinal em muitos repertórios, o compositor reúne diversos temperos que remetem a variados estilos e contextos. Há sempre um esforço natural da crença coletiva, de se firmar generalizações que facilitem a comunicação, mas não há dúvida que a produção musical do album Thriller é absolutamente erudita.
Nesta nova era do entretenimento, é benéfico que se esclareçam hábitos e generalizações, que possam reunir novas formas de inovação capazes de furar e desmontar estes muros que dividem cada estilo. Tais manias estão presentes no ouvinte mais desinteressado, e também no instrumentista mais virtuoso. É uma graça com a qual a humanidade faz questão de teimar, e por ser divertida sem-querer, pelo menos abre espaço à contemplação. Se pode-se reclamar quanto à perda de tempo nas generalizações, deve-se reforçar que pior ainda é elaborar o assunto.

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