quarta-feira, 7 de julho de 2010

Que Dunga?

Confesso que tinha certeza quanto ao eventual fracasso de nossa seleção na África. Achei que acabaria por escrever aqui: "Dunga queimou minha língua", pois vimos um início de copa convincente e garanto que torci muito por esse post que assumiria meu equívoco sobre nosso técnico. Não aconteceu, e sofri durante poucos minutos após a derrota, pois meu tombo foi pequeno.

Não escrevo aqui hoje pra detalhar teorías conspiratórias, como em 2006: "Vai ganhar um time europeu, pois americanos (do sul) têm 9 copas (Brasil 5 + Arg. 2 + Urug. 2) e o velho continente tinha oito. Chegaram aos 9 em 2006, parabéns. Suponho algumas conspirações possíveis pra 2010, mas é um tipo de assunto que nunca será levado muito a sério.

Então vamos às razões práticas do mundo real, ou mundo que acredito ser real:
Primeiramente, não acredito que o talento de Kaká possa liderar uma equipe a conquistas como a Copa do Mundo. Robinho é mais novo e tinha tudo pra fazer a dupla invencível, ainda com Elano e L.Fabiano que completavam um quarteto com potencial de sobra pra levantar a Copa. Acontece que, mais que os jogadores, uma figura fez questão de tornar-se centro das atenções; Dr. Dunga.

Nunca esquecerei dele em 94, e já tinha me esquecido dele em 90. Agora Dunga deu um tiro no próprio pé do próprio currículo. Ele conseguiu redimir o fracasso de 90 com o tetra na copa seguinte, mas parece que fez questão de voltar ao status de vilão dos torcedores.

O mais fascinante é que Dunga fez tudo e mais um pouco pra consertar erros de 2006, e em 2010 vimos um final idêntico. É como um irmão mais novo que, pra não ser como o primogênito maluco, adota uma anti-personalidade. Deve existir alguma teoria na linha do bom e velho, "a ordem dos fatores não altera o resultado", pois se Parreira pecou por um extremo, Dunga pecou pelo extremo oposto. É um exemplo interessante da teoría da ferradura; o ferreiro errou feio nessa e a ferradura virou um círculo.

Não sei se é a imprensa que jamais permitira que um técnico anti-imprensa fosse campeão. O casaco de porteiro de hotel 5 estrelas juntou-se à jabulani e às vuvuzelas como personagens desse cômico, e ótimo mundial. Dunga passou recibo às provocações, e outro bom e velho chavão explica que, "cabrito bom não berra".

Algo que me pareceu realmente perturbador foi episódio dos palavrões que Dunga 'meio-que' falou pro Escobar; foi muito esquisito. Parecia a mistura de uma criança falando palavrões 'sem falar', pra não se ferrar com a professora, e um maléfico bruxo cantarolando feitiços e pragas. O sorriso dele naquele instante também é algo que provavelmente protagonizará pesadelos de muitas pessoas, ou muitos pesadelos meus mesmo, veremos (Por enquanto, acho que não).

E que fique claro: minha opinião sobre Dunga não tem nada a ver com Neymar ou Ganso. Torci muito para que ambos ficassem de fora da convocação. Essa não era pra ser nossa copa. Robinho ainda jogará em 2014, e terá os jovens gênios de Santos pra curar o eterno luto de 1950.

2010 foi uma copa muito interessante, e ainda não acabou. Torço pra Holanda mas em 2010, mais do que nunca, torci por bons jogos. A primeira fase mostrou poucos espetáculos, mas já nas oitavas fomos compensados com puro entretenimento.

Talvez prefira a Holanda pra dizer que o Brasil perdeu do campeão, ou então pra abafar esse auê da Espanha. Fúria? Por mim, continuarão furiosos.

Nenhum comentário: